ISBN 978-65-89014-06-5
2021, 1ª edição, 104 p., 21 x 15 cm, ilust. cor
DESCRIÇÃO:
Isto é um disco. Ouça: "minha cabeça doce/ embriagada de céu/ minha cabeça doce/ doce doce/ ouve".
Você ouve? Sua cabeça doce, embriagada de céu, ouve?
Isto é um livro. Você consegue ler as cordas arpejadas sobre os timbres metálicos-eletrônicos nos primeiros segundos-páginas de Desculpa, flor? A sugestão de gravidade que se desfaz no parágrafo-compasso seguinte, em balanço funkeado e constatação idem ("a conta é simplinha/ se toda gente/ fosse legal/ o mundo não era cão/ não")?
Do grave ao groove, do solene às visceras. Não raro esse é o movimento do poema, em sua natureza que amarrra forma (ritmo, rimas, vazios) e conteúdo (desejo, morte, fome). Sob a solenidade da forma, às vísceras. Sobre o grave do que há a ser dito, o groove que guarda a essência do entendimento.
É assim que o MEB (Música Extemporânea Brasileira) trata a poesia em Cabeça doce – o livro, o disco, este espaço aqui desinventado de fronteira entre um e outro. Sob o comando de Zé Luiz Rinaldi, o grupo investiga esse terreno híbrido. Arranca canções de poemas de Georges Bataille, Hilda Hilst, Torquato Neto e Federico García Lorca, da mesma forma que mergulha nos poemas contidos no samba Morreu a batucada (de Saint-Claire Senna e Castro Barbosa) e na marchinha Pra você gostar de mim (de Joubert de Carvalho) – tudo isso somado às composições do próprio Rinaldi. [...]
Cabeça doce. Poemas musicados, letras de canção impressas. Como o gato de Schrödinger, ao mesmo tempo vivo e morto enquanto não se abre a caixa, o que se vê/escuta aqui também se equilibra em duas instâncias da existência – com a diferença de permanecer assim, duplo, mesmo depois de aberta a caixa, o livro, o disco, a boca, a alma. — Leonardo Lichote
Contribuições de
Camila Assad, Livio Tragtenberg, Fernando Mello da Costa, Fernando Santoro, Luis Maffei, Patricia Burrowes, Diogo Liberano, Ricardo Becker, Thiago Amud, Francisco Mallmann, Tyaro e Caio Riscado.
MEB – Música Extemporânea Brasileira
Grupo musical formado por Alexandre Rabello, Elcio Cáfaro, Ticiana Passos e Zé Luiz Rinaldi, cujo trabalho tem como base a palavra e o teatro, e busca um legítimo enfrentamento com o poema.
A Contra Capa, fundada como livraria em 1992, iniciou suas atividades editoriais em dezembro de 1995. Essas atividades, baseadas inicialmente em suas áreas de especialização, se diversificaram e, hoje, incluem a edição de livros de arquitetura, artes plásticas, cinema, ciências humanas, crítica literária, filosofia, fotografia, história, literatura, poesia, psicanálise e teatro.
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